domingo, 1 de novembro de 2009

Refletindo sobre o frio e o quente...

“Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no SENHOR; andai como filhos da luz. (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); Aprovando o que é agradável ao Senhor.”
Efésios 5:8-10


Tenho refletido entre o frio e o quente. O que essas palavras significam para nossa atualidade cristã brasileira. E à conclusão que cheguei é que temos feito mau uso delas. Hoje nomeamos uma igreja “quente” quando a mesma tem manifestações de “línguas estranhas” em todos os cultos; e consequentemente nomeamos uma igreja “fria” quando esta não enfatiza este tipo de manifestação. Mas quando olhamos para nossos referenciais bíblicos (Jesus e os apóstolos) podemos fazer uma analise mais real dessas duas palavras.

Jesus teve um ministério totalmente ativo. Seu amor e empenho era para com os doentes e pecadores (Mc 2:17). Ele curava, restaurava, libertava. Amou cada ser de forma única e despendeu toda a Sua vida em favor de outras vidas. Os apóstolos viveram para edificar vidas, ensinar o evangelho de Cristo, e também faziam muitos milagres (livro de Atos). Tanto Jesus quanto os apóstolos, eram cheios do Espírito de Deus (creio que nenhum cristão discorda de mim nisso); e esse encher é que os conduziam em todas as suas ações. (Mc 13:11)

Pois bem. No nosso contexto brasileiro, as igrejas quentes tem cultos longos, com muitos louvores, muita liberdade de adoração, e muita “manifestação” do poder de Deus. Domingo após domingo, os fiéis se encontram e alcançam um nível de espiritualidade que eles nomeiam “novas alturas em Deus”. Porem, quando chega a segunda feira, vivem suas vidas normalmente, esperando pelo próximo domingo. Tudo o que experimentam de Deus serve para anima-los a comparecer no próximo culto.

Já as igrejas frias tem cultos com menor duração, louvores mais contidos e uma postura mais racional durante toda liturgia. Quase não há “manifestação” do poder de Deus. Porem são igrejas engajadas em missões urbanas e transculturais, evangelismos, ações sociais e casas de recuperação. São igrejas que se preocupam com o próximo e buscam viver um evangelho de ação, e não apenas de “manifestação”. O culto muitas vezes não é atrativo, mas a palavra é de confronto e incentivo a viver como Jesus nos ensinou.

Não estou aqui para dizer qual é certa ou qual é errada. Mas para refletir o que desejo para minha vida. Se desejo ser fria ou quente. E nem preciso dizer que o desejo mais profundo do meu coração é viver uma vida de “fervor” em Cristo, de total empenho àquilo que realmente importa para o meu Senhor. Quero o “fogo”, a liberdade de adoração, os níveis “mais altos” em Deus, muita manifestação de seu poder com milagres, curas, maravilhas e falar em línguas. Não me importo com cultos longos, pois amo cultuar aquele que é digno de toda honra, glória e poder.

Mas é também desejo profundo do meu coração ser cheia do Espírito, não apenas para falar em línguas, mas para agir como Jesus nos ensinou a agir. Quero adorá-lo em espírito, mas também quero adorá-lo em verdade, no meu dia a dia. Quero ser ousada para falar do Seu nome, quero alimentar os famintos, quero me importar com os perdidos. Não quero uma vida de presença de Deus apenas aos domingos. Não quero ministrar louvor hoje ao Senhor e amanhã usar a mesma boca para promover contenda em entre os irmãos, ou fazer fofocas.

Para mim poderíamos renomear as igrejas da seguinte forma: igrejas “quentes” são aquelas que procuram agradar o coração de Deus, não apenas com palavras, mas com ação. Que não se preocupem com ar condicionado e poltronas acolchoadas, pois não querem ficar apenas nos templos, mas ir ao campo que já está pronto para colheita. Que busque a face do Senhor no domingo, mas passe o resto da semana preocupado com o Reino de Deus e a Sua justiça.

São aquelas que tem visão de Reino e unidade. Que priorizam o amor e a disciplina do Senhor. Que pregam um evangelho verdadeiro, que exorta o mexeriqueiro. Que ama o próximo como a si mesmo. Que busca a vontade do Senhor não só para si mesmo, mas para este povo que está perdido e faminto. Que sonha os sonhos de Deus, que vive os mandamentos de Cristo, que trabalha não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna.

Então, assim, para mim, as igrejas “frias” são aquelas que só se preocupam com números e crescimento, em detrimento da qualidade e do individuo. Se preocupam com bens materiais e pregam um evangelho de prosperidade que não existe na bíblia. Que possuem departamento de empresários, mas não possuem um projeto social ativo. Não se preocupam com missões, camuflando essa parte com células ou grupos familiares. Que não investe no Reino e não buscam unidade.

Sendo assim, minha reflexão me leva a crer que não importa a liturgia do culto, não importa o tempo do culto, não importa o estilo musical que a igreja adota. Não importa se é costume da igreja, ou não, falar em línguas. Se a doutrina permite, ou não, bater palmas. O que importa é o que estamos fazendo com o evangelho de Cristo. O que importa é que Cristo seja pregado e anunciado. Que nossos bens sejam divididos, que nossa vida seja dedicada àquele que é digno de que entreguemos nossas vidas.

Que a igreja seja ensinada a viver um evangelho verdadeiro. Que aprenda o que é adorar em verdade. Que a soberania de Deus seja pregada, que os valores cristãos sejam resgatados. Que os princípios sejam vividos. Que os seminários fiquem lotados. Que o avivamento venha através da palavra. Que nossas almas sejam insatisfeitas. Que nossas vidas sejam dedicadas à única causa que realmente vale a pena: a mesma pela qual Cristo morreu e ressuscitou!

Não quero só a glória, quero o choro. Não quero só os milagres, quero limpar feridas. Não quero só receber de Deus, quero aprender a dar tudo o que tenho. Não quero só adora-lo quero alegrar Seu coração. Não quero apenas dizer que o amo. Quero amá-lo como me amou: dando minha vida em favor do Seu evangelho. Não digo que é fácil. Não digo que já faço isso. Não digo que algum dia conseguirei viver dessa forma. Mas posso afirmar que é o que mais tenho buscado. Não quero apenas refletir, quero agir!


“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”
Gálatas 5:14


No amor e na paz de Cristo,
Elizabete

3 comentários:

  1. Cara irmã, lendo o seu artigo sobre "igrejas quentes ou frias" ,como bom pentecostal que sou, logicamente prefiro os cultos "quentes", as pregações "acaloradas", mas à luz de Atos 1.8, Vê-se que ao dizer que "recebereis poder" (crendo que é isso que ocorre nas "igrejas quentes"), O Senhor Jesus nos deixa um propósito que é ser suas testemunhas até os confins da terra. Voltando àquela antiga brincadeira, de quando se está mais perto do premio se está quente, e quando longe estamos frios. Sendo assim à medida que nos desviamos do propósito - ao sermos dinamizados pelo Espírito - de sermos Sua testemunha, vamos nos tornando mornos, o que sabemos ser muito pior... Seu irmão em Cristo Paulo Henrique

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  2. O fogo do Espirito deve aquecer nossos corações e nos impulsionar a amar como Deus ama, sentir como Ele sente, priorizar Sua obra e Seu reino... ver com os Seus olhos... É para isso que deve servir nossos cultos de "poder e glória"... Para, como voce mesmo disse, sermos suas testemunhas fiéis!

    Obrigada por seu comentário... só acresceu minhas reflexões...

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  3. Concordo que o uso do termo quente e frio, tem sido utilizado de forma errada, já que não podemos julgar uma igreja quente ou fria pela sua litúrgia. Obvio que queremos ser participantes de uma igreja quente, mas a definição de quente precisa estar clara em nossas mentes, pra não ficarmos dependentes de moveres, que nem sempre é o que mais precisamos. É maravilhoso ver o Espírito agindo com liberdade, mas Deus tem inúmeras formas de agir e de se manifestar, e Ele fala e transforma em todas elas. Glória a Deus por Ele ser um Deus de novidade e multiformas...

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