quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Confronto: refletindo sobre Missão Integral

Nestas semanas estou lecionando sobre Missão Integral. Apesar das diversas palestras que ministrei a respeito de Missões, desta vez estou me aprofundando melhor na integralidade da missão da Igreja. Confesso que tem sido dias de crise,  por ter me deparado comigo mesma, com meus valores e minhas convicções.

Em primeiro lugar tenho sido desafiada a entender o que é Missões. Quando pensamos em missões, pensamos no ato de evangelismo, na ação, mas pouco refletimos sobre o conteúdo dessa missão, onde na verdade somos apenas colaboradores, que se inicia na vontade soberana de Deus e se desdobra em seu projeto para salvação do homem.

Isso significa que todos temos parte nesta Missão, e que nosso objetivo mor deveria cumprir esse chamado que não é privilégio de poucos, mas que faz parte de quem entende sua salvação em Cristo. Que devemos prestar contas de nosso trabalho à Deus e não nos preocupar com números e imposições dada por homens.

Em segundo lugar, foi me dado um novo paradigma da minha função dentro dessa missão. Se a missão é de Deus, devo não apenas pregar de acordo com ela (missão) mas viver meu cristianismo de acordo com as palavras de Cristo. Isto é, a missão só pode ser eficaz se com meus atos eu conseguir demonstrar ao mundo o que é servir a Cristo, e o que Cristo está disposto a fazer pela humanidade.

Isso revela que muitas vezes pregamos o evangelho de forma contextualizada, mas não de uma forma boa, e sim em um contexto próprio, de razões próprias, de convicções próprias. Quando na verdade o evangelho não é voltado para o homem, mas para Deus. O evangelho foca no pecado do homem, sua pequenez e sua natureza perdida, e mostra que a única saída dessa vida é o relacionamento com Cristo.

Não há como fazer missões sem focar na solução para o homem, não soluções mundanas e financeiras, mas soluções de vida eterna. E não há como focar na solução de vida eterna, “endeuzando” as coisas terrenas, e priorizando soluções materiais. A Missão de Deus deve ser feita através Dele,  e para Ele.

Em terceiro lugar, fui confrontada com meu cristianismo e a realidade do que eu creio. Esse é o ponto mais expressivo desta reflexão. Pois se compreendemos que as coisas terrenas não são tão importantes, e que eu devo viver a missão de Cristo, não devo me envolver com as coisas desse mundo.

Impossível? Então não cremos no Senhor da Missão. Eis aí o confronto. Encarar a dura realidade de que a tecnologia e o consumismo tomaram conta de mim. Saber que a vida que levo não reproduz a missão de Cristo. Que aquilo que tenho por “bem” não deveria ter nenhum valor para mim. Parece utópico, mas é justamente por isso que estou refletindo.

A Missão de Cristo nos ensina a dividir, a não nos apegar a bens, a viver em prol do Reino e para o Reino. As vezes nos sentimos superior pelo pouco que fazemos e pelo pouco que ajudamos. Por não acreditar na Teologia da Prosperidade, não dar todo o dinheiro na igreja. Mas em que acreditamos de verdade? Damos o nosso tudo, ou apenas o que não faz falta?

Desfrutamos, no nosso dia a dia, de bens que outros jamais sonharam em ter. Aproveitamos nossos luxos e bens tecnológicos, usamos roupas caras e bonitas, e curtimos todo tipo de iguarias gostosas. Mas se analisarmos a missão integral da igreja aprenderemos que devíamos partilhar tudo como em Atos.

Em quarto lugar, deparei-me com o pior do meu ser que é estar apegada a tudo isso de forma a acreditar que não é tão fácil, e nem mesmo possível, se desvencilhar de todo esse conforto. Isso porque essa seria a única forma de se fazer uma revolução real, e de se ter alguma diferença entre os do Reino e os que ainda estão perdidos em pecados.

É por isso que nossas igrejas tem estado lotadas de pessoas com depressão. Pois mesmo sabendo que não há nada nesse mundo que nos preencha e nos deixe feliz quanto a presença de Deus, mesmo sabendo que o vazio do homem só pode ser preenchido pelo amor do Pai e de seu Filho, ainda assim corremos atrás do vento, em busca de coisas inalcançáveis, e ainda passamos a crer que o evangelho é utópico.

Eu não estou disposta a viver exclusivamente do evangelho. Eu não creio que é possível viver uma revolução através de mim. Eu não creio que o evangelho basta como modo de vida. Eu não creio que os ensinamentos de Cristo são suficiente para se viver intensamente o que realmente importa. Eu não creio. Porque se eu acreditasse eu viveria de forma diferente.


Coitada de mim, pobre e pecadora mulher que sou. Porque estou longe de viver o que pensava acreditar que vivia. Porque nem sei como fazer e por onde começar. Porque estou perdida em minhas ilusões, e caminho atrás do vento, esperando atitudes de pessoas que jamais acontecerão. E esperando coisas que jamais serão alcançadas. So espero que haja salvação para minha perdição.