Tenho refletido na adoração através do louvor. Sim,
há vários tipos de manifestação de nossa adoração: oferta, leitura bíblica,
danças, generosidade para com o necessitado, mordomia, diaconia, etc. E o
louvor (cânticos e instrumentos) é apenas uma dessas formas. E por ser uma
adoração visível é muito desejada, mas também muito negligenciada.
Muitos pensam que por serem músicos e cantores já são
credenciados a ministrar louvor. Muitos veem a ministração como “apresentação”.
E por acreditarem nisso não se abrem ao mover que Deus deseja através da musica.
Não se dedicam à palavra e à oração na mesma proporção que se dedicam à musica.
Não se convencem da necessidade de santificação e renuncia, pois se concentram
em seus próprios talentos. Isso é um erro clássico e mundano. Quando um cantor
ou um instrumentista se converte, muitos lideres já os consideram prontos por
seus atributos naturais, porem um musico na condição de cristão, passa a ser antes de tudo obreiro e servo do
Senhor, sendo assim é necessário que ele seja provado e aprovado para obra.
Os lideres que permitem tal coisa, não compreendem a
luta espiritual que ronda um servo de Deus. Por isso Paulo já alertava em 1
Timoteo 3:6 “... não deveria ser um novato na fé, pois poderia ficar orgulhoso”.
E o orgulho produz vários outros sentimentos dentro do homem, e esses
sentimentos geram atitudes que prejudicam o bom andamento da obra, nesse caso
da equipe geral. O líder no intuito de manter esse músico na igreja, acaba por
empurra-lo para o boca do abismo. Pois quando vierem as lutas esses obreiros
não estarão revestidos da armadura de Deus e acabam por desistirem de seu
posto, e muitos se lançam no abismo.
Outros não veem as coisas acontecerem como gostariam.
Desejam que quando cantarem ou tocarem o céu desça e a fumaça da presença de
Deus se manifeste. Esse é um desejo legitimo, porem é necessário que se
compreenda que a presença do Senhor se manifesta quando Ele quer e não quando
nós precisamos mostrar que somos bons o suficiente para Ele operar. Nossa função
é buscar em nosso dia a dia a presença dele através de oração, adoração,
leitura bíblica e generosidade. E buscar em sua palavra verdades para se viver.
E viver de acordo como Cristo andou. E assim não adorar a Deus apenas no culto,
mas adorar a Deus intensamente em espirito e verdade, todos os momentos de
nossa vida.
Um ministro de louvor está ali para ensinar o povo a
se achegar à Deus através da musica. Ele tem que se colocar em uma posição de
servo, tem que ser exemplo e referencial. Uma das coisas que mais me incomodam
na atualidade é o exagero de palavras ditas (e não cantadas) durante o louvor.
Percebo que só é necessário o “cantor” falar porque ele não está adorando como
deveria. O louvor é direcionado à Deus e não aos homens. As musicas devem engrandecer
o nome de Cristo e não massagear o ego da plateia. Isso porque não existe
plateia, e nem expectadores. No momento do louvor todos devem estar com seus
olhos, ouvidos, mente e corações voltados para o Grande Eu Sou. Inclusive (e
principalmente) a equipe de louvor.
Quando a equipe de louvor faz o que tem que fazer,
adorar a Deus tão intensamente, cria um ambiente propicio de adoração que
constrange quem não quer adorar, constrange o pecador que não queria se
arrepender, constrange aquele que não olhava para Deus desde o ultimo culto. É
dessa forma que a equipe serve à igreja, adorando a Deus e se tornando
referencial de adoração. Porem os ministros ao invés de olhar para Cristo,
olham apenas para as pessoas, que por sua vez estão olhando para os ministros e
aí o “cantor” começa a falar. E fala ao povo e não à Deus. Começa a dizer “faça
isso e faça aquilo”, e ate quem estava adorando é interrompido por palavras,
sendo que a adoração deve ser espontânea e vir do coração.
Se o ministro sentir vontade de falar, que fale à
Deus, que fale de si e de seu sentimento intenso pelo Senhor. Por que palavras
podem gerar emoções, e emoções são passageiras. Mas uma verdadeira adoração
leva o ser humano a reconhecer sua posição diante de Deus. A verdadeira adoração
gera vida, gera mudança, gera intimidade. Durante o momento do louvor a banda
deve estar diante do Rei, fazendo uma apresentação única, entregando à Ele seu
dom, todos em harmonia, honrando o único Deus que é digno, pois não há outro
como Ele. Nem tudo que é visível é verdadeiro. O que se vê pode ser forjado por
emoções. Mas quando a adoração é verdadeira, a presença de Deus é real.
Percebi que os mesmos ministros que ficam implorando
às pessoas que cantem, se rendam, se prostrem, que levantem as mãos e se
entreguem, são os mesmos ministros que quando não estão na “plataforma” não
fazem nada disso. Quando não são eles tocando e cantando, não se entregam a uma
atmosfera de adoração, não se preocupam em adorar a Deus, porque a atenção não
está neles. E é por isso que precisam falar, porque na realidade não sabem
adorar. Não sabem ensinar com sua própria vida. Sabem de palavras, mas sua
postura não é imitável. Já dizia Jesus: “Obedeçam ao que eles dizem, mas não sigam o
exemplo deles. Porque eles não fazem o que mandam vocês fazerem”
(Mateus 23:3). Tudo começa dentro de si. Porque quando você adorar, as pessoas
entenderão que não lhes resta nada além de adorar também.
Eu amo musica, amo a sinfonia dos instrumentos e a
beleza dos sons em harmonia. Mas em termos de ministério as vezes basta uma voz
e um violão. Melhor é ter todos os instrumentistas fazendo parte da equipe, mas
devemos priorizar o ministério. Há de se gastar tempo em ensaios, mas também há
de se gastar tempo de ensino, de discipulado, de acompanhamento. Há de se
tornarem verdadeira equipe orando e jejuando uns pelos outros. Há de chegarem para
ensaiar com ressalvas a respeito da palavra que leram durante a semana. Há de
se ter a fumaça da presença de Deus nos ensaios, pois aí saberemos que não precisa
ter expectadores para que venhamos mostrar nossa adoração à Deus.
Paz e bem.