segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A igreja quebra galho da videira

Por Caio Fabio

Jesus disse que Ele está para nós assim como a Videira está para os ramos.

Sem videira todo ramo é pedaço de pau e somente isto.

Sim! É madeira morta, boa para ser queimada.

Os cristãos, no entanto, foram enganados e deixaram-se enganar, pois, desde que se determinou que "fora da igreja não há salvação", que a Videira passou a ser a "igreja", e, também, desde então, o Agricultor, que, segundo Jesus é o Pai, entre os cristãos é o Pastor, ou, em alguns grupos, o Corpo de Doutrina pelo qual se faz a "poda" de membros.

Assim, para o crente, "permanecer em Jesus", [João 15], é permanecer firme na "igreja", freqüentando, participando e se submetendo a tudo.

Do mesmo modo, "dar fruto", segundo os crentes e suas emoções condicionadas por anos de engano religioso, é evangelismo como programa, é acampamento como devoção, é célula de crescimento, é cantar no grupo de louvor, é ir à reunião de oração, e, sobretudo, é dar o dízimo em dia.

E o mandamento de amar uns aos outros é algo que os crentes entendem como amar os que são iguais a eles enquanto os tais não ficarem diferentes. Nesse dia eles viram desviados.

Ainda no mesmo andar de engano, os crentes pensam que "ser lançado fora" da Videira é ser disciplinado pelo Agricultor Pastoral ou pelo Conselho de Agricultura que aplica o Corpo de Doutrinas disciplinadoras e excludentes, aos quais supostamente não se equivocam ao separar o joio do trigo no campo do mundo-igreja.

Ser “amigo de Jesus” [João 15], para os crentes é estar em dia com a doutrina, o dizimo e a freqüência.

Assim, para a maioria dos crentes, emocionalmente, é assim que João 15 é sentido e praticado.

Ora, o resultado é o desastre cristão desses quase dois mil anos!

De fato, a religião cristã é um estelionato espiritual, pois, chama para si, como se fora Deus, aquilo que é de Deus e somente passível de realização Nele.

O que Jesus dizia era tão simples.

O que Ele dizia é apenas isto:

Absorvam a minha Palavra; o meu ensino; e o pratiquem com amor por mim e por todo ser humano. Se vocês sempre crerem que a Vida de vocês está em mim e vem da obediência ao mandamento do amor, então, vocês serão meus amigos; e, assim, toda a verdade de minha Palavra será fato e bem na vida de vocês. Mas, sem mim, sem vida em meu amor, sem absorção do Evangelho no coração, por mais que vocês tentem viver e buscar o bem, de fato vocês serão apenas como galhos soltos, secos e mortos; existindo sob o engano de que existe vida em vocês, quando, de fato, pela própria presunção de vocês, estarão mortos sem o saberem.

O resto a História do Cristianismo nos conta!

Caio

24 de novembro de 2008
Lago Norte
Brasília - DF

FONTE: http://www.caiofabio.com/
http://www.caiofabio.com/2009/conteudo.asp?codigo=04212

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Desabafo...

Esses dias ouvi um pregador falar sobre hermenêutica...

No final do sermão, que matou a hermenêutica do começo ao fim, ele começou a dizer que quem questiona a igreja, o seu pastor e seus lideres acaba ficando frio. Ele estava pregando sobre Apocalipse 2:4, e discorrendo sobre o primeiro amor. Associando esse primeiro amor à igreja e à inocência de uma criança.
E no final disse que teologia faz com que as pessoas questionem e, enfim, ficam frias perdendo o primeiro amor. Não concordo com ele em nada do que pregou.

Primeiro ele usou um texto maravilhoso para cobrar fidelidade da igreja ao líder, e não à Palavra de Deus, como deve ser. Porque o homem pode errar, mas a Palavra de Deus permanece intacta. Segundo que os argumentos que ele usou para descrever esse primeiro amor foram em atitudes e obras focadas em si mesmo com a igreja, e não um compromisso com o Reino como deve ser.

E terceiro e mais importante para mim é que só fica frio quem não obtém respostas aos seus questionamentos. A semente da religiosidade está em nós. É ela que nos faz questionar quem somos, para que viemos, e para onde vamos. É ela que nos faz, em certo momento de nossas vidas, buscar respostas alem do natural. Em resumo, é essa semente de questionamentos que nos leva ao relacionamento com Deus. Mas para isso todos precisamos de respostas.

Lembro-me da Baby Consuelo dizendo em seu testemunho que ela procurava Deus em todos os lugares, todas as religiões. É mais ou menos isso! Uns são mais intensos, outros mais discretos. Mas todos nós buscamos respostas dentro de nós. E essas perguntas é que nos levam a vários caminhos, e nossos questionamentos nos fazem buscar o caminho correto, até que um dia: bum! Acabamos por encontrar O Caminho.

Por isso o problema não está nas questões, e sim nas respostas. No empenho que um líder tem para melhor responder, responder corretamente, chegar o mais próximo possível do que Cristo deseja que cheguemos. O problema não está no liderado que pergunta, mas no líder que não tem respostas. Perguntar é normal do ser humano, do liderado. Responder corretamente é o principal ministério de um líder.

O pregador disse: "hermenêutica faz você aprender um pouquinho da bíblia". A verdade é que a hermenêutica não faz você aprender um pouquinho da bíblia, e sim te ajuda a interpretar corretamente as escrituras. A entender contextos e figuras de linguagem, e tantos aspectos que são necessários para que não venhamos criar heresias, e ensinamentos errados, por uma má interpretação bíblica. Ela não é um instrumento de escolha, é sim, totalmente indispensável para um líder, um mestre, um pastor.

Assim, um líder que vê nos estudos um meio de obter respostas corretas, e assim não ficar apenas no “leitinho” com seus filhos; vai além, preparando um povo para Deus e não para si próprio, preocupado com o Reino e não apenas com a igreja local, que é fiel a Cristo e não a homens, mesmo que a primeira te leve automaticamente à segunda.
Um líder que busca conhecimento, entende que só através dele a igreja poderá crescer inabalável, pois buscará tudo dentro das Escrituras.

Para aquele pregador, eu, meu esposo, e meus atuais amigos, somos todos frios. Mas eu confesso que prefiro ser conceituada fria, mas continuar buscando dentro de mim a verdade, o crescimento, o conhecimento (que nunca se extingue), do que ser conceituada quente, mas não ter em mim a sede de buscar todas as preciosidades que a bíblia tem a nos oferecer. Prefiro ser conceituada fria e não aceitar o evangelho distorcido que hoje é pregado, do que ser enganada por falsos profetas e por “evangelhos” que tenho certeza que para Paulo seria anátema.


Agradeço a Deus, porque Ele tem nos conduzido aos estudos. Têm colocado em nossas vidas pessoas apaixonadas pela verdade bíblica. Por termos encontrado pessoas que não apenas respondem nossos questionamentos, mas que continuam buscando respostas através do conhecimento. Essa não foi uma reflexão, como normalmente venho fazendo. É um desabafo por não querer que as pessoas se calem.

domingo, 1 de novembro de 2009

Refletindo sobre o frio e o quente...

“Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no SENHOR; andai como filhos da luz. (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); Aprovando o que é agradável ao Senhor.”
Efésios 5:8-10


Tenho refletido entre o frio e o quente. O que essas palavras significam para nossa atualidade cristã brasileira. E à conclusão que cheguei é que temos feito mau uso delas. Hoje nomeamos uma igreja “quente” quando a mesma tem manifestações de “línguas estranhas” em todos os cultos; e consequentemente nomeamos uma igreja “fria” quando esta não enfatiza este tipo de manifestação. Mas quando olhamos para nossos referenciais bíblicos (Jesus e os apóstolos) podemos fazer uma analise mais real dessas duas palavras.

Jesus teve um ministério totalmente ativo. Seu amor e empenho era para com os doentes e pecadores (Mc 2:17). Ele curava, restaurava, libertava. Amou cada ser de forma única e despendeu toda a Sua vida em favor de outras vidas. Os apóstolos viveram para edificar vidas, ensinar o evangelho de Cristo, e também faziam muitos milagres (livro de Atos). Tanto Jesus quanto os apóstolos, eram cheios do Espírito de Deus (creio que nenhum cristão discorda de mim nisso); e esse encher é que os conduziam em todas as suas ações. (Mc 13:11)

Pois bem. No nosso contexto brasileiro, as igrejas quentes tem cultos longos, com muitos louvores, muita liberdade de adoração, e muita “manifestação” do poder de Deus. Domingo após domingo, os fiéis se encontram e alcançam um nível de espiritualidade que eles nomeiam “novas alturas em Deus”. Porem, quando chega a segunda feira, vivem suas vidas normalmente, esperando pelo próximo domingo. Tudo o que experimentam de Deus serve para anima-los a comparecer no próximo culto.

Já as igrejas frias tem cultos com menor duração, louvores mais contidos e uma postura mais racional durante toda liturgia. Quase não há “manifestação” do poder de Deus. Porem são igrejas engajadas em missões urbanas e transculturais, evangelismos, ações sociais e casas de recuperação. São igrejas que se preocupam com o próximo e buscam viver um evangelho de ação, e não apenas de “manifestação”. O culto muitas vezes não é atrativo, mas a palavra é de confronto e incentivo a viver como Jesus nos ensinou.

Não estou aqui para dizer qual é certa ou qual é errada. Mas para refletir o que desejo para minha vida. Se desejo ser fria ou quente. E nem preciso dizer que o desejo mais profundo do meu coração é viver uma vida de “fervor” em Cristo, de total empenho àquilo que realmente importa para o meu Senhor. Quero o “fogo”, a liberdade de adoração, os níveis “mais altos” em Deus, muita manifestação de seu poder com milagres, curas, maravilhas e falar em línguas. Não me importo com cultos longos, pois amo cultuar aquele que é digno de toda honra, glória e poder.

Mas é também desejo profundo do meu coração ser cheia do Espírito, não apenas para falar em línguas, mas para agir como Jesus nos ensinou a agir. Quero adorá-lo em espírito, mas também quero adorá-lo em verdade, no meu dia a dia. Quero ser ousada para falar do Seu nome, quero alimentar os famintos, quero me importar com os perdidos. Não quero uma vida de presença de Deus apenas aos domingos. Não quero ministrar louvor hoje ao Senhor e amanhã usar a mesma boca para promover contenda em entre os irmãos, ou fazer fofocas.

Para mim poderíamos renomear as igrejas da seguinte forma: igrejas “quentes” são aquelas que procuram agradar o coração de Deus, não apenas com palavras, mas com ação. Que não se preocupem com ar condicionado e poltronas acolchoadas, pois não querem ficar apenas nos templos, mas ir ao campo que já está pronto para colheita. Que busque a face do Senhor no domingo, mas passe o resto da semana preocupado com o Reino de Deus e a Sua justiça.

São aquelas que tem visão de Reino e unidade. Que priorizam o amor e a disciplina do Senhor. Que pregam um evangelho verdadeiro, que exorta o mexeriqueiro. Que ama o próximo como a si mesmo. Que busca a vontade do Senhor não só para si mesmo, mas para este povo que está perdido e faminto. Que sonha os sonhos de Deus, que vive os mandamentos de Cristo, que trabalha não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna.

Então, assim, para mim, as igrejas “frias” são aquelas que só se preocupam com números e crescimento, em detrimento da qualidade e do individuo. Se preocupam com bens materiais e pregam um evangelho de prosperidade que não existe na bíblia. Que possuem departamento de empresários, mas não possuem um projeto social ativo. Não se preocupam com missões, camuflando essa parte com células ou grupos familiares. Que não investe no Reino e não buscam unidade.

Sendo assim, minha reflexão me leva a crer que não importa a liturgia do culto, não importa o tempo do culto, não importa o estilo musical que a igreja adota. Não importa se é costume da igreja, ou não, falar em línguas. Se a doutrina permite, ou não, bater palmas. O que importa é o que estamos fazendo com o evangelho de Cristo. O que importa é que Cristo seja pregado e anunciado. Que nossos bens sejam divididos, que nossa vida seja dedicada àquele que é digno de que entreguemos nossas vidas.

Que a igreja seja ensinada a viver um evangelho verdadeiro. Que aprenda o que é adorar em verdade. Que a soberania de Deus seja pregada, que os valores cristãos sejam resgatados. Que os princípios sejam vividos. Que os seminários fiquem lotados. Que o avivamento venha através da palavra. Que nossas almas sejam insatisfeitas. Que nossas vidas sejam dedicadas à única causa que realmente vale a pena: a mesma pela qual Cristo morreu e ressuscitou!

Não quero só a glória, quero o choro. Não quero só os milagres, quero limpar feridas. Não quero só receber de Deus, quero aprender a dar tudo o que tenho. Não quero só adora-lo quero alegrar Seu coração. Não quero apenas dizer que o amo. Quero amá-lo como me amou: dando minha vida em favor do Seu evangelho. Não digo que é fácil. Não digo que já faço isso. Não digo que algum dia conseguirei viver dessa forma. Mas posso afirmar que é o que mais tenho buscado. Não quero apenas refletir, quero agir!


“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”
Gálatas 5:14


No amor e na paz de Cristo,
Elizabete