quinta-feira, 16 de maio de 2013

Refletindo: uma voz muda


“...um só corpo, um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai...” (Efésios 4:4-6)

Tenho visto nesses últimos dias os cristãos dividindo suas opiniões referente a pessoas, religião, e ideologia de vida. E então não teve como eu fugir de um questionamento básico: se temos apenas um só Deus, um só Senhor, se não vivemos mais, mas Cristo está vivendo em nós, e se sua palavra é única, porque então há tantas divisões?

Claro que estou acostumada com divisões teológicas que apesar de terem vertentes bem distintas não afetam a fé em Cristo e nem as promessas do Senhor das quais pelo seu infinito favor iremos desfrutar. Também estou acostumada com as diferenças culturais e costumes que cada igreja adota de acordo com seu entendimento de consagração à Deus.

Todas essas diferenças são supostamente tiradas da bíblia, mas sabemos que no “final das contas” é apenas espelho da realidade cultural e teológica de cada igreja. Porem com questões claramente expostas pelo Nosso Deus através da bíblia, palavras simples e claras, não deveria haver questionamentos e diferenças de opinião. Deveria apenas haver concordância e obediência.

Muito tem se falado, e pouco tem sido aproveitado. Isso porque falamos de nós mesmos, de nossos desejos e de nossas vontades. Não agimos como embaixadores de Cristo. Pode um embaixador falar seu próprio ponto de vista, ou deve ele levar a mensagem do Reino ao qual pertence? Temos alguma duvida disso?

Há uma voz muda no meio de nós, mas o pior disso é que essas vozes se levantam para abafar a voz de quem realmente está disposto a se levantar e clamar em favor de seu Senhor. Há uma voz própria no meio de nós, que fala de si mesmo e critica quem fala em nome de Cristo. Há uma voz muda entre nós, que canta o que não vive e proclama blasfêmias a quem busca santificação.

Qual é o intuito de se chegar até a cruz, se não enxergar nossos pecados e se arrepender profundamente deles? Muito tem se falado do amor de Deus, mas de que adianta conhecer o amor de Deus e não conhecer sua cruz? Será que isso teria algum efeito no mundo além morte? E como proclamar a cruz de Cristo sem denunciar pecados?

Eu não consigo separar essas três palavras: amor, cruz, perdão. Pois se não compreendermos que a ação do amor de Deus se revela através da cruz, e essa cruz só faz sentido se houver arrependimento para perdão dos pecados, e só há perdão se houver pecado, não temos um evangelho eficaz para ser pregado. Não estamos crendo de verdade em Cristo e sua obra redentora.

O amor de Cristo por nós, nos é revelado quando enxergamos que somos sujos como a lama, que nossos atos são egoístas, que nossos desejos são carnais, e que nossa vida é vã e vazia. Enquanto não reconhecemos isso, achamos que nossa vida é boa e não precisamos de Deus e sua graça. Não precisamos lavar nossas vestes no sangue do Cordeiro. E não precisamos clamar ou proclamar a nova aliança.

Ao contrario do que muitos pensam, isso não deve acontecer como um milagre sem intermediários. Deve ser pregado, proclamado, anunciado, para que as pessoas possam enxergar sua condição e desejar a Cristo. Essa é nossa função, esse é o nosso chamado. Apregoar um evangelho, não de portas largas, mas de remissão, renuncia, e entrega do seu ser. (Marcos 16:15-16)

A história de Jonas é o melhor exemplo bíblico da eficácia da pregação verdadeira sobre o juízo de Deus. Apesar da resistência de Jonas e de sua incredulidade, quando ele cumpriu com seu chamado, e pregou a verdade que lhe foi confiada, o poder de Deus se manifestou e inundou os corações de arrependimento e contrição. E uma nova historia foi escrita no meio daquele povo.

“Uma nova história Deus tem pra mim”, muitos cantam. Mas quantos se arrependem para viver uma nova história verdadeira em Cristo Jesus? Quando ignoramos nossos erros, e os erros de quem amamos, estamos preferindo o pecado e desprezando a obra na Cruz. Estamos fazendo de Cristo uma parábola e de sua salvação uma grande fábula.

“De fato não seguimos fabulas engenhosamente inventadas, quando falamos a vocês a respeito do poder da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pedro 1:16)

Será que realmente acreditamos no evangelho que lemos, ou criamos um evangelho próprio por conveniência? Anunciamos Cristo a pecadores, ou ignoramos seus pecados? Além de não proclamarmos o evangelho verdadeiro, ainda criticamos e acusamos os profetas que se levantam e cumprem o chamado de Deus no meio de nós.

Um psicólogo, pastor, com recursos financeiros próprios, que se levanta em meio a uma geração pecaminosa e incrédula e denuncia os seus pecados; não tem o apoio da própria igreja. E ainda é criticado e descredenciado na frente de pessoas que estão exatamente na condição de receber essa verdade.  

Se todos aqueles que amam a Cristo, se levantasse e proclamasse o verdadeiro evangelho enfrentando o senhor deste século, tirando o mundanismo de suas vidas, morrendo para que Cristo vivesse através de nós, como não estaria esse mundo? Não seria ele impactado pelo poder e gloria do Senhor?

Muitos passam a vida esperando que Deus se revele a seus amigos e familiares. Mas se esquecem que a ação de Cristo se manifesta através de mim e de você, e que a gloria Dele deve se manifestar onde eu e você estamos. Por que ele escolheu que seria assim, e isso nos é uma dádiva e não um fardo.

“E quem não toma a sua cruz, e não me segue, não é digno de mim” (Mateus 10:38)

Uma voz muda de nada tem falado. Um povo escolhido nada tem pregado. Uma nação santa nada tem manifestado. O verdadeiro avivamento só acontece quando a realidade do homem é desnuda e o mover do Espirito age através de corações contritos e arrependidos. E o Pai vem com vestes brancas, e conduz por um novo caminho, para a verdadeira “nova história”.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Refletindo: não devem os pastores apascentar as ovelhas?



“Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?” (Ezequiel 34:2)


Na época de Jesus, nas regiões onde cresceu e propagou seu ministério, o pastoreado era uma atividade muito conhecida e exercida. E apesar de estar fora de nossa realidade atual, sabemos bem que um pastor existe para cuidar de suas ovelhas. E o que é cuidar, senão alimentar, lavar, curar possíveis doenças, suprir necessidades, e estar sempre por perto para que não se percam.

Com essa breve informação, tentaremos fazer a ligação entre os pastores de ovelhas, e os pastores de igreja. Nos dicionários a palavra pastor tem como um de seus significados o ministro ou sacerdote protestante. Isso significa que as pessoas, mesmo fora do cristianismo, compreende que a palavra pastor está ligada a uma liderança cristã. Sendo assim podemos fazer essa relação entre a palavra em seu significado real e o usado no cristianismo.

Seguindo essa linhagem podemos compreender que o pastor da igreja deve zelar, não somente pelo templo, mas primordialmente pela saúde espiritual de seus membros. Deve estar à frente do rebanho como referencial de postura e caráter, mostrando com sua própria vida o caminho que um cristão autêntico deve seguir. E nessa trajetória estar atento à qualquer ovelha que queira se desgarrar do rebanho.

Quando um pastor aceita o chamado pastoral, se compromete perante Deus e a sociedade que cumprirá de forma excelente tal responsabilidade. Entende que Suas decisões não podem mais se resumir a suas próprias razões e opiniões, mas que a partir dali tudo o que disser, fizer e agir, terá de ser da forma como Jesus nos ensinou. Ele assume um papel ímpar na vida das pessoas e passa a escrever uma nova história a partir de então.

“E estes cães (líderes) são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.” (Isaías 56:11)

Suas preocupações devem ser maiores que cadeiras confortáveis e ares condicionados refrescando o templo. Não deve se concentrar na quantidade de pessoas que comparecem ao culto, mas sim quantas delas têm vivido um evangelho autêntico. Deve estar presente na vida das pessoas, e fazer parte delas. Deve estar disposto a limpar feridas, guerrear batalhas , orar junto, chorar junto. 

Deve ser um pouco terapeuta, ter um pouco de assistência social, e tudo de um bom mestre. Deve ser pai e irmão, amigo e professor, mas acima de tudo ser maduro para poder ouvir com sabedoria, e corrigir em amor.  Deve ser humilde e jamais se dar por satisfeito, pois sempre tem algo mais que um pastor pode fazer. Parece injusto, mas na realidade é o preço do chamado.

“Porque os pastores do meu povo perderam a razão e não procuram saber o que Deus pensa. Por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se espalharam.” (Jeremias 10:21)


Quando um pastor já não está aberto a ter alguém que fale em sua vida, quando acha que não precisa dar satisfação de suas decisões aos membros da igreja, ou que ele está sempre certo e não aceita quem diga o contrário, encontramos, então, um sério problema: ele com certeza está perdendo ou já perdeu o foco do seu pastoreado. Ele em algum momento se esqueceu do verdadeiro significado da palavra pastor.

Há diversidade de dons, e diversidade de ações. Cada um deve assumir sua função no corpo. E hoje a igreja perdeu sua identidade real e cristã pois seus líderes já não sabem mais o que devem fazer. Suas ações são soberbas, e agem como donos da igreja, comandam os membros como se fossem bonecos que não possuem sentimentos, e os líderes como funcionários. E não se sentem responsáveis pelas crises e recaídas das pessoas.

Lavam as mãos, como Pilatos, e acreditam que já fizeram o suficiente, quando na verdade não fazem nem o essencial. Deixam situações mal resolvidas e feridas putrificando, para não terem o infortúnio do confronto. Tudo isso obra de satanás. Num exército, cada um tem sua posição e função. Quando se abre brecha, o inimigo ganha vantagem. O amor de Deus só é manifestado completamente quando a batalha sobre o pecado é vencida.

“...fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas...” (Zc 13:7b)


Porem faltam referenciais, faltam caráter, faltam relacionamentos. E isso gera falsos mestres, falsas obras, falso cristianismo. Se ferir o pastor, as ovelhas se dispersam. Essa tem sido a estratégia do inimigo. Desviar a atenção para outras prioridades que não sejam os membros da igreja. Fazer com que pastores e líderes não tenham um vinculo profundo de relacionamento. Não deixar que haja liberdade para se conversar sobre tudo, e resolver todas as questões pendentes.

Mudou-se o foco. Não importa mais a pessoa, mas se ela esta fazendo algo. Não importa mais a qualidade, mas sim a quantidade. Não importa mais a família, mas as atividades da igreja. As pessoas são valorizadas pelo que têm para dar, e não pelo seu testemunho e seus frutos. E essa afirmativa é comprovada quando vemos as cobranças excessivas, e a busca por novas igrejas (e não membros, como deveria ser)

Vemos ainda, pastores focados em ações sociais, na desculpa de que estão cumprindo com o evangelho de ação. Quando na verdade se refugiam em boas ações para não se comprometerem com o rebanho que lhes foi confiado. Justificam suas ações de dar ao próximo, ao invés de cuidar de verdade do próximo. Pois por mais que eu creia e concorde com a Missão Integral, ela não deve ser feita para remissão dos erros, pois para isso o sangue de Cristo já foi vertido na cruz.

Ela deve ser o reflexo de uma igreja sadia e comprometida com o Reino. A missão integral é o coração do evangelho, mas faze-la não exime o homem cristão (seja líder, pastor, apostolo, etc) de ter um casamento de acordo com as regras divinas, de se ter um caráter aprovado, e de se ser e agir conforme alguém que realmente acredita nos ensinamentos de seu Mestre. Ela deve ser feita por amor à Deus, e não pela frustração de suas decisões anteriores.

Que haja um despertar. Que haja um avivamento. Que haja choro e arrependimento. Que Deus toque o coração de muitos pastores, para que abandonem suas obras egoístas, e se dediquem aos membros que têm andado como ovelhas desgarradas que não tem pastores. Que a misericórdia seja derramada, e que o poder do Espirito levante verdadeiros pastores no meio de nós!

“E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.” (Jeremias 3:15)