“...um
só corpo, um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus
e Pai...” (Efésios 4:4-6)
Tenho visto nesses últimos dias os cristãos dividindo
suas opiniões referente a pessoas, religião, e ideologia de vida. E então não
teve como eu fugir de um questionamento básico: se temos apenas um só Deus, um
só Senhor, se não vivemos mais, mas Cristo está vivendo em nós, e se sua
palavra é única, porque então há tantas divisões?
Claro que estou acostumada com divisões teológicas
que apesar de terem vertentes bem distintas não afetam a fé em Cristo e nem as
promessas do Senhor das quais pelo seu infinito favor iremos desfrutar. Também
estou acostumada com as diferenças culturais e costumes que cada igreja adota
de acordo com seu entendimento de consagração à Deus.
Todas essas diferenças são supostamente tiradas da
bíblia, mas sabemos que no “final das contas” é apenas espelho da realidade
cultural e teológica de cada igreja. Porem com questões claramente expostas
pelo Nosso Deus através da bíblia, palavras simples e claras, não deveria haver
questionamentos e diferenças de opinião. Deveria apenas haver concordância e
obediência.
Muito tem se falado, e pouco tem sido aproveitado.
Isso porque falamos de nós mesmos, de nossos desejos e de nossas vontades. Não
agimos como embaixadores de Cristo. Pode um embaixador falar seu próprio ponto
de vista, ou deve ele levar a mensagem do Reino ao qual pertence? Temos alguma
duvida disso?
Há uma voz muda no meio de nós, mas o pior disso é
que essas vozes se levantam para abafar a voz de quem realmente está disposto a
se levantar e clamar em favor de seu Senhor. Há uma voz própria no meio de nós,
que fala de si mesmo e critica quem fala em nome de Cristo. Há uma voz muda
entre nós, que canta o que não vive e proclama blasfêmias a quem busca
santificação.
Qual é o intuito de se chegar até a cruz, se não
enxergar nossos pecados e se arrepender profundamente deles? Muito tem se
falado do amor de Deus, mas de que adianta conhecer o amor de Deus e não
conhecer sua cruz? Será que isso teria algum efeito no mundo além morte? E como
proclamar a cruz de Cristo sem denunciar pecados?
Eu não consigo separar essas três palavras: amor,
cruz, perdão. Pois se não compreendermos que a ação do amor de Deus se revela
através da cruz, e essa cruz só faz sentido se houver arrependimento para
perdão dos pecados, e só há perdão se houver pecado, não temos um evangelho
eficaz para ser pregado. Não estamos crendo de verdade em Cristo e sua obra
redentora.
O amor de Cristo por nós, nos é revelado quando
enxergamos que somos sujos como a lama, que nossos atos são egoístas, que
nossos desejos são carnais, e que nossa vida é vã e vazia. Enquanto não
reconhecemos isso, achamos que nossa vida é boa e não precisamos de Deus e sua
graça. Não precisamos lavar nossas vestes no sangue do Cordeiro. E não
precisamos clamar ou proclamar a nova aliança.
Ao contrario do que muitos pensam, isso não deve
acontecer como um milagre sem intermediários. Deve ser pregado, proclamado,
anunciado, para que as pessoas possam enxergar sua condição e desejar a Cristo.
Essa é nossa função, esse é o nosso chamado. Apregoar um evangelho, não de
portas largas, mas de remissão, renuncia, e entrega do seu ser. (Marcos 16:15-16)
A história de Jonas é o melhor exemplo bíblico da eficácia
da pregação verdadeira sobre o juízo de Deus. Apesar da resistência de Jonas e
de sua incredulidade, quando ele cumpriu com seu chamado, e pregou a verdade que
lhe foi confiada, o poder de Deus se manifestou e inundou os corações de
arrependimento e contrição. E uma nova historia foi escrita no meio daquele
povo.
“Uma nova história Deus tem pra mim”, muitos cantam.
Mas quantos se arrependem para viver uma nova história verdadeira em Cristo
Jesus? Quando ignoramos nossos erros, e os erros de quem amamos, estamos
preferindo o pecado e desprezando a obra na Cruz. Estamos fazendo de Cristo uma
parábola e de sua salvação uma grande fábula.
“De
fato não seguimos fabulas engenhosamente inventadas, quando falamos a vocês a
respeito do poder da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós
fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pedro 1:16)
Será que realmente acreditamos no evangelho que
lemos, ou criamos um evangelho próprio por conveniência? Anunciamos Cristo a
pecadores, ou ignoramos seus pecados? Além de não proclamarmos o evangelho
verdadeiro, ainda criticamos e acusamos os profetas que se levantam e cumprem o
chamado de Deus no meio de nós.
Um psicólogo, pastor, com recursos financeiros próprios,
que se levanta em meio a uma geração pecaminosa e incrédula e denuncia os seus
pecados; não tem o apoio da própria igreja. E ainda é criticado e descredenciado
na frente de pessoas que estão exatamente na condição de receber essa verdade.
Se todos aqueles que amam a Cristo, se levantasse e
proclamasse o verdadeiro evangelho enfrentando o senhor deste século, tirando o
mundanismo de suas vidas, morrendo para que Cristo vivesse através de nós, como
não estaria esse mundo? Não seria ele impactado pelo poder e gloria do Senhor?
Muitos passam a vida esperando que Deus se revele a
seus amigos e familiares. Mas se esquecem que a ação de Cristo se manifesta
através de mim e de você, e que a gloria Dele deve se manifestar onde eu e você
estamos. Por que ele escolheu que seria assim, e isso nos é uma dádiva e não um
fardo.
“E quem
não toma a sua cruz, e não me segue, não é digno de mim” (Mateus 10:38)
Uma voz muda de nada tem falado. Um povo escolhido
nada tem pregado. Uma nação santa nada tem manifestado. O verdadeiro avivamento
só acontece quando a realidade do homem é desnuda e o mover do Espirito age
através de corações contritos e arrependidos. E o Pai vem com vestes brancas, e
conduz por um novo caminho, para a verdadeira “nova história”.