sexta-feira, 24 de julho de 2020

Refletindo sobre Identidade...

“Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado”.
Mateus 3:16-17



O batismo é a expressão do novo nascimento. Jesus já era filho desde a eternidade, sua posição humana não interferiu na realidade de quem Ele era. Mas enquanto homem, é no batismo que o Pai declara sua identidade.
Quando o Pai fala a Jesus ele declara a sua posteridade, a sua herança, sua condição eterna: filho. Isso para que quando Ele deixasse de ser Filho único para ser Filho primogênito, nós pudéssemos conhecer nossa identidade também.

Isso significa que se somos filhos, somos gerados nele, da mesma natureza que Ele, e tudo que somos vem dele. Ser filho é o ponto crucial para entender a minha individualidade, e aceitar minha personalidade.
Significa que vou desconstruir tudo que criei como perfeição, todo esteriotipo de pessoa que gostaria de ser, todo ideal de aceitação que rotulei, e passo a aceitar minhas características e deixa-las crescer e amadurecer de acordo com os ideiais do Pai para mim.
Ser perfeiro é ser integralmente o que o Pai me criou para ser.


Então Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós


Dentro da minha ideia de um eu perfeito, eu acabo criando uma imagem que transpõe minha verdadeira imagem.
As ciências humanas nos ajudam nesse auto conhecimento, da cultura, dos sequestros, das idealizações criadas através do desejo de aceitação. Mas elas jamais poderão nos revelar quem realmente somos, isto é, a imagem e semelhança de Deus.

Sendo assim, somente na posição de filhos podemos caminhar para perto do coração do Pai e abrir mão de todos os desejos de sermos quem não foi gerado nele.
Para isso precisamos aceitar a realidade de quem nos tornamos independente do Pai, o eu ferido, abalado, abafado, acuado. Sem projetar no Pai a nossa ideia de quem Ele é, mas deixa-lo mostrar quem Ele é e quem Ele nos fez.


Nisto o amor é aperfeiçoado em nós, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, assim como ele é, também nós somos neste mundo.
1 João 4:17


Satanás quis ser perfeito. Mas a palavra diz que Deus fez ele perfeito. Então ele queria ser outra coisa além do que tinha sido criado. 
Nós não temos que ser perfeitos, temos que buscar a excelência de quem Deus nos criou para ser.
Ele nos criou para sermos sua imagem e semelhança. O pecado deturpou tanto essa imagem e nos afastou tanto da semelhança que temos com o Pai, que muitas vezes não alcançamos mentalmente essa verdade sobre nós. 

Quando Jesus vem em carne, nos mostra o homem que Deus criou, a humanidade que Ele desejou, nele vemos quem realmente somos. Jesus refletiu a gloria do Pai, exatamente como devemos refletir. 
A cruz possibilitou isso, tirando o pecado que era o empecilho para sermos quem somos. 
O pecado nos impede de ser quem somos. 
Mas a consciência da liberdade nos prepara para sermos a noiva.

Devemos aproveitar as ciências humanas e entender nossas características. Saber as nossas individualidades e aproveitar daquilo que o próprio Deus colocou em nós como semelhança dele.
Porem nossa natureza caída, nossa cultura e nossos traumas de alguma forma transformaram a criação de Deus em algo em detrimento.

Por isso nosso esforço não deve ser mudar quem somos, mas deixar o Espirito nos ensinar a potencializar aquilo que o Pai criou. De forma que nossas emoções não nos domine, mas nós dominemos nossas emoções.
Que consigamos exterminar nossos próprios conceitos de perfeição e encontrar a beleza em quem somos, nas nossas diferenças e peculiaridades. Não tente ser alguém diferente de quem você é.
Voce perceberá que se aceitar é o caminho para as relações sadias. Com você, com Deus e com o próximo.

Não se cobre, apenas se renda. Saiba assumir a responsabilidade do que faz e o que pode ser transformado pelo Espirito. Quando identificamos o erro não podemos querer ser outra pessoa, nem uma pessoa melhorada (isso é rejeitar quem Jesus nos fez para ser, e tudo que Ele faz é bom), devemos nos submeter ao Espirito para que Ele nos mostre quem somos de fato, a pessoa que não é o eu caído, mas quem Jesus nos resgatou na Cruz.

Pensemos em Pedro, ele não mudou sua personalidade, mas se submeteu ao Espirito e foi sendo transformado depois da cruz.


“Portanto, todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.”


A partir da premissa que você aceitou sua personalidade, comportamento, temperamento, e destituiu a ilusão de quem poderia ser, você inicia uma nova parte do processo que é descobrir Cristo em você.
A primeira parte do processo é aparentemente difícil, porem conforme ele se desenrola você percebe o prazer de ser livre, feliz e a conexão de aceitação te faz perder todo o peso do esforço da ilusão.


Já nessa nova parte do processo exigirá disciplina e proposito. Haverá uma pressão da transição de quem você é, para quem você realmente é. O que isso quer dizer? Que comecará a identificar quem você não é, aquilo que faz e pensa que não tem a ver de fato com você.

Isso só é possível olhando para Cristo, para aquilo que Ele é. Não apenas para o que Ele fez, pois talvez você faça de uma forma diferente dele, mas sendo quem Ele é em você. Isto é, com o coração humilde e manso dele, com o amor e a graça que fluem dele, com a mesma comunhão que Ele tem com o Pai.

Voce começa a fluir a coerência de quem você é, com o que você faz. E o que você faz é o que ve o Pai fazendo. E assim como o ouro passa pelo fogo e tudo que não é ouro se esvai, assim tudo que não é você desaparece e o seu verdadeiro eu reflete a luz que Jesus disse que é.


“Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: o Filho não pode fazer coisa alguma por sua própria conta. Ele faz apenas o que vê o Pai fazer. Aquilo que o Pai faz, o Filho também faz.”


Essa parte desse processo de identidade a ser revelada de uma maneira mais profunda e verdadeira é muito difícil. Voce sente que se tirar certas coisas de você, não será mais você. Sua alma fica gritando dizendo que você se sentirá vazio. Que não sobrará nada. Que não vale a pena abrir mão das máscaras que você tem, cada uma para uma situação.


O que vai acontecer se todos virem sua verdadeira face?
Eu te digo: ouça a voz do Espirito te dizendo: “você irá se surpreender com a pessoa que realmente é.”
Por isso quero te incentivar a conversar com alguém nesse processo. Que te ajude a ver quem Jesus vê. Que te ajude a jogar as mascaras fora e te faça ver sua face no espelho. Se não encontrar ninguém (estou disponível para isso), lembre-se que Jesus é o maior interessado em você, no seu processo e na revelação do seu eu. Por isso ainda que te falte alguém, Ele jamais te abandona e se você deitar seu rosto no colo dele, sentira tudo que precisa para esse tempo fluir dele para você.

Em amor
E