terça-feira, 22 de setembro de 2009

Refletindo sobre a liberdade...

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”

João 8:36

Sei que não escrevo tão bem quanto meu amigo Rafael Teles, e não sou tão sábia quanto ao Pr. Vinicius Guimarães, mas tomei esta liberdade ousada de desabafar em forma de letras. Cito-os, pois ambos tem sido fonte de inspiração para mim e um “bote salva vidas” neste mar de mudanças que me encontro.
Quero iniciar dizendo que este não tem por objetivo influenciar ninguém, mas sim, registrar o profundo do meu coração, e alcançar aqueles que talvez não consigam me compreender.
Durante algum tempo o texto em destaque era para mim incompreensível, ou pelo menos não sabia como vivê-lo. Sempre soube que era livre, e nunca tive dúvidas que a obra na cruz me conduzia a esta liberdade plena.
Mas desde meus primeiros passos de vida cristã, aprendi que haviam regras que não podiam ser quebradas. Eu não precisava pensar nelas, apenas devia seguí-las. Alguém já tinha feito o trabalho por mim: listado o que era certo e errado. E bastava que cumprisse e assim minha “salvação” estaria garantida.
Com o tempo percebi que algumas pessoas, às vezes, mudavam os itens dessa lista de lugar, e o pior foi perceber juntamente que o faziam por mera conveniência. E então, o que era pecado, já não era mais. Simples assim. E como sempre: eu não precisava questionar, alguém já estava encarregado de pensar por mim.
Mas uma das maravilhas do relacionamento com Cristo é a revelação de Sua palavra. Quando a palavra salta aos seus olhos, o seu coração bate mais forte e você sente uma alegria única, e um gozo sem igual de ter naquele momento ouvido a voz de Seu amado e ter entendido o que Ele quer te dizer! Se você nunca sentiu isso, eu te convido a ler mais a Bíblia!

“Porém o SENHOR disse ... o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração...”

1 Samuel 16:7

Somente Deus é o perfeito Juiz. E isso ocorre porque somente Ele tem acesso aos nossos corações! Nem nós mesmos nos conhecemos como Deus nos conhece!
Então compreendi que a igreja perderia o controle dos fiéis se ensinasse essa verdade. Deixar a responsabilidade dos atos de cada um para si mesmo, como então poderia saber se o que estaríamos fazendo é certo ou errado? E na ânsia de não perder o controle, acaba gerando filhos preconceituosos, que fazem do padrão de Deus uma caixa quadrada, como se Deus obedecesse a padrões de homens.
Por que ninguém consegue explicar o fato de Abraão e Isaque não terem sido punidos por suas mentiras? Porque Deus conhece os corações! Só ele sabe se, naquele momento, o ato deles tinha um desejo pecaminoso ou não em seus corações.
De nossas listas consta o assassinato. Mas se alguém, na ânsia de defender sua própria vida, tira a vida de outrem, por isso, o desejo de seu coração era pecaminoso? Não discuto aqui, as conseqüências naturais geradas por tal ato, algo que a pessoa certamente enfrentará, mas será que ela realmente pecou, no sentido espiritual da palavra?
E um comandante que, ao ser torturado pelo inimigo, não entrega os planos de seus soldados, com intuito de protegê-los? Ele está mentindo! Mas está pecando? E o sexo? É pecado? Sabemos que não, mas quando feito da forma ilícita, como a Bíblia nos ensina, então se torna pecado. O ato não é pecado, mas a intenção do coração o torna pecado.


"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8:32


A verdadeira liberdade está em não ser mais escravo do pecado. Antes de Cristo, não tínhamos opção. O pecado nos escravizava, mas o sangue de Cristo nos libertou. O que isso significa na realidade?
Significa que eu posso dizer não aos desejos pecaminosos do meu coração. Que eu sou livre para ouvir a voz do Espírito e optar pelo qu@ Xfazer a vontade de Deus.
Não podemos nos enganar. Se nessa liberdade, em algum momento optarmos por pecar, em conseqüência disso nos tornamos escravos desse pecado. Mas quando recebemos o perdão nos tornamos livres novamente e podemos sempre dizer não para ele. É essa liberdade que Cristo nos deu. A verdade está na bíblia, e a opção é nossa.
A igreja existe para nos ensinar a palavra de Deus, mas não tem o poder-dever de fazer escolhas por nós. O relacionamento com Cristo é pessoal, de cunho íntimo e subjetivo, portanto, impossível de ser transferido. Por isso não podemos definir quem é digno e quem não é, quem é salvo e quem não é, quem está certo e quem está errado.
E falo aqui do julgar, de nos posicionarmos como juízes ao invés de ensinar a Palavra. Ainda existe uma função primordial para a igreja: ensinar sobre a obra de Cristo e como caminhar em Seu tortuoso e estreito caminho.
Quando não ensinamos de forma efetiva, criamos crentes imaturos e preconceituosos, verdadeiros juízes. Cheios de si, conhecedores e dominadores de toda aquela “lista de pecados”. Irmãos que acabam oprimindo aqueles que necessitam de sua ajuda para entender essa liberdade e, consequentemente, desfrutá-la. Eu já fui assim. Falo por experiência própria. Julgava as pessoas pela aparência, pela sua frequência nos cultos e até pelo modo como se portavam.
Mas aprendi que os homens criam padrões altos demais. E aqueles que olham para si, e só enxergam o que são: pecadores que precisam de salvação; depois olham para os “super-heróis da fé” que supostamente nunca falham, e acabam por achar que não há espaço para eles no Reino de Deus, uma vez que o padrão estabelecido está muito distante de suas realidades para que possam alcançá-lo.
A igreja deve ensinar sobre caráter e moralidade. Só assim saberemos que as decisões tomadas serão as melhores. Ensinar que aqueles que conhecem a verdade são libertos, e na condição de liberdade, deve vencer, em Cristo, as intenções pecaminosas, não mais se preocupando com a aparência e o que ela quer dizer.
Em outras palavras: a igreja deve ensinar a palavra de Deus que diz que roubar, mentir, enganar, fazer mexerico, ter inveja, cobiçar, dentre outra coisas, é pecado. Falhas de caráter. Ensinar que há conseqüências espirituais para os que tais coisas praticam. E não é o homem quem vai puni-lo, mas seus próprios atos que o levarão à escuridão da escravidão do pecado.


"Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR."

Levitico 19:28


Chegamos ao ponto critico, e eis a razão desse desabafo: a passagem acima, tem sido frequentemente utilizada contra mim. É a base para alguns me desprezarem, ignorarem tudo que eu fiz antes “dela” e justificarem suas acusações e fofocas.
Não sei se minha explanação surtirá algum efeito, mas aprendemos que não devemos utilizar textos fora de seu contexto, mas com toda certeza, isto é o que tem sido feito neste caso. No capitulo 19 de Levítico o autor repete várias leis dadas especificamente ao povo de Israel, demonstrando que:

“Deus se interessa por todos os aspectos da vida. Não promulgou essas leis somente para que Israel evitasse a pratica do mal, mas também para dizer a Israel o que significava viver como nação escolhida por Deus e como povo que amava a Deus”¹

Sendo assim Deus inclui evidências, diferenciais que deveriam ser demonstrados por Israel diante dos outros povos. Essa era uma ação especifica para aquele povo. Se não fosse assim, teríamos hoje, muitos crentes deixando parte de seu dinheiro caído ao chão, como nos versículos 9 e 10, não cortariam os cabelos no lado da cabeça e nem aparariam a barba, como no versículo 27. Ainda teríamos problemas com a carne de porco, e a guarda do sábado, que não estão nesse capitulo, mas sabemos que está entre as leis de Deus para aquela época.
O que nos faz discernir entre o que ainda é valido e o que não é para os nossos dias, e o que foi deixado para trás através da cruz de Cristo é simples: o que permanece são as leis morais de Deus. As naturais se referiam às diferenças que Israel deveria evidenciar diante dos diversos povos existentes e suas crenças. As leis morais se aplicam em todo tempo e lugar.

Acho também que não preciso dizer, mas mesmo assim eu o farei. Não marquei minha carne como tributo a algum morto ou coisa assim. Apenas fiz uma tatuagem. Acho que não importa dizer o quanto me preocupei com o local, o desenho, a discrição e como deveria ser feita. Isso não importa para quem já me condenou às chamas do inferno. Mas para Deus, sei que isso importa. Fiz para mim, porque eu gosto e acho bonito, e pasmem: eu não mudei, ainda sou a mesma Elizabete. Minhas vestes não mudaram, minha intimidade com o Senhor não mudou, minha vida continuou a mesma.

Eu não fui hipócrita como muitos, não me utilizei da minha fé para isso. Muitos se utilizam de “estratégias de evangelização” para irem em boates gospel e dançarem a noite toda. Outros dizem que deveríamos ouvir o conselho de Paulo e se fazer iguais aos do mundo para alcançá-los. Eu não penso assim. Não abro mão de minha santidade e de minha intimidade com o Senhor. Não preciso do mundo e nem das coisas que ele me oferece. Mas vivo nele.
E como já dizia o sábio: “vaidades de vaidades! É tudo vaidade!”². Se eu escolho uma roupa: é vaidade. Se eu compro um carro: é vaidade. Todas as escolhas que fazemos são impregnadas de vaidade e têm certa influência do mundo. Uma coisa é se corromper com o mundo, outra é viver nele, e ter prazer em coisas que ele proporciona.
O que é a maquiagem? Não é pintar a pele? E o que é uma tatuagem, também não é pintar a pele? Mas porque alguém colocou tatuagens na “lista dos pecados”, então, somos proibidos de fazê-las. Mas lembre-se que alguém, por conveniência, retirou a maquiagem da mesma lista e tudo ficou normal.
Eu não atribuo o que fiz à Deus. Fiz como enfeite. Como um adorno. É só isso que significa para mim. Como uma calça que compro, ou como o sabor da torta que escolho. Não teve cunho espiritual. Fiz porque aprendi que eu era livre. Livre para escolher, livre para analisar se isso era pecado, ou se seria apenas uma decisão natural.

Peço perdão àqueles que acham que eu não renunciei a mim mesma. Isso aconteceu, porque entendo que devo renunciar em prol do reino, e não seria assim. Renunciaria em prol de pessoas que diziam que me amavam, mas que nada fizeram senão fofocar e me condenar. Se houve algum escândalo, foi o da falta de amor. Não porque todos deveriam concordar comigo, mas porque eu não deixo de amar alguém, e essa pessoa não deixa de ter valor para mim, só porque ela escolhe fazer algo que eu não faria.

Peço perdão aos que acham que eu não suportei os “mais fracos”. Mas eu não os vejo assim. Os “mais fracos” em questão, eram muito mais velhos do que eu na fé. Líderes, quase pastores. Já não são neófitos há muito tempo, e se ainda são imaturos é porque continuam olhando para a lista de pecados escrita por homens, mas não se dedicam e não se importam em se aprofundar nos ensinamentos bíblicos. Só se escandalizam porque a verdade não lhes é ensinada; foram doutrinados a se portarem como juízes e não como réus. O ensino da verdade é doloroso e pouco conveniente, mas essa é a verdadeira missão da igreja!

E por fim quero agradecer aqueles que me apoiaram, permaneceram ao meu lado, me aconselharam e principalmente me amaram com o amor verdadeiro, não julgando meus atos, sendo amigos e fiéis companheiros.
E ao meu Senhor e Rei que me ama de forma especial, e me sustenta, e a cada manhã renova as suas misericórdias sobre a minha vida.

"Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade."

2 Coríntios 3:17




¹ Manual bíblico de Halley. Edição revista e ampliada. p. 129
² Eclesiastes 1:2. Versão Revista e Corrigida.

domingo, 20 de setembro de 2009

Gostaria de refletir sobre a Igreja...

“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”

Atos 2:44,46,47


Gostaria de refletir sobre a igreja de hoje. Poderíamos dizer que ela espelha o padrão bíblico? Sabemos que o fundador da Igreja foi Jesus. Ele não alugou nenhum galpão, e nem construiu nenhum palácio, catedral ou santuário. Apesar de se utilizar do templo, não era lá que ensinava ou compartilhava o pão com os irmãos. Ele não possuiu seguranças, ou adquiriu bens para si mesmo. Ele simplesmente amava estar entre as pessoas. E quando se ausentava era para ficar a sós com o Pai.

Depois vieram os apóstolos. E seguiram o mesmo padrão do Mestre. E os discípulos entenderam sua mensagem de amor e comunhão. Penso que nisso esta a força da igreja: amor e comunhão. O que os irmãos de Atos compartilhavam eram tão real e verdadeiro que as pessoas eram trazidas pelo próprio Deus para se ajuntarem a eles. Mas como Deus acrescentava? Dando as mãos e levava pessoalmente? Acho que não!

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.”
Atos 4: 32,34,35


As pessoas sentiam o verdadeiro amor exalar dos discípulos. O discurso era verdadeiro e vivido pelos mesmos. Havia alegria no ajuntamento. Eles davam o que tinham, distribuíam o que era preciso, compartilhavam tudo. O evangelho era pregado e vivido. Impactava as pessoas. De longe podia-se sentir o perfume de Cristo exalar de onde havia um ajuntamento. Havia cânticos, discutia-se a palavra, comia-se o pão e amavam-se uns aos outros.

Comparando com a igreja de hoje, parece utopia. Estamos tão longe da igreja de Atos. Nos grupos familiares e nas células parece que a essência está voltando, mas... só parece. Falta o amor verdadeiro, a comunhão verdadeira. A preocupação verdadeira com a dor do próximo. Não somos mais uma família, somos cooperadores de uma instituição. Fazemos parte do mesmo ciclo social!

Gostaria de refletir sobre a igreja... Será que é possível vivenciarmos o amor que Cristo nos ensinou? Será que conseguiremos deixar de se preocupar com o próprio ventre? Será que algum dia voltaremos a exalar o perfume de Cristo? Será que deixaremos de pedir bênçãos, casas, carros e dinheiro, e compartilharmos o que temos com o que não tem? Será que seremos capazes de nos arrependermos de fingir que vivemos o evangelho e passar a vive-lo de verdade?


"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade."
IJoão 3:17-18