sábado, 13 de março de 2010

Refletindo: Fé Pirata...



Durante minha estada em São Paulo, estive passeando muito pelo Centro da Cidade. Além das variedades de raças, estilos e comportamentos, o que mais se vê em suas ruas do centro, são a variedade de produtos piratas vendidos por ambulantes. Em todas as ruas, praças, calçadas... Em todo redor se vê vendedores ambulantes de tudo que imaginar. Desde perfumes, chinelos, até pilhas e celulares... Mas todos os produtos são falsos.


No Bairro da Liberdade, bem próximo à Praça da Sé tem uma rua chamada Conde de Sarzedas. Nela se encontram todos os tipos de artigos evangélicos. Para todos os tipos, gostos e tendências teológicas. Lojas e galerias são repletas de variedades, desde roupas, livros, até acessórios para bíblias, broches, xícaras... Tudo! Mas infelizmente me deparei com algo horrível de ver, aos olhos de um cristão que deve ser o não na terra do sim.


Naquele lugar também existe ambulantes vendendo produtos (evangélicos) falsificados. Mas isso nunca me surpreendeu. Não concordo, não compro, e não tem como se saber se a pessoa que está vendendo tem noção do que ela está fazendo. Agora, desta vez, me deparei com lojas vendendo DVDs de filmes evangélicos pirata. Fiquei chocada! Não foi uma, nem duas lojas... E eu fiz questão de perguntar se eram originais (já que o preço sugeria que não pudesse ser original), e a resposta foi como se fosse a coisa mais normal do mundo.


Alguns evangélicos se consideram mais crentes do que os outros por causa de seus cabelos longos, e as saias cobrindo toda a perna. A pessoa que me atendeu tinha essa aparência, mas nem se envergonhou de dizer que estava vendendo produtos falsificados! Eu confesso que saí da loja sem ar, sem respirar, e meu sentimento foi de querer sentar no chão e chorar. Lembrei-me de Cristo, e acredito, que pela primeira vez, compreendi o que ele sentiu quando entrou no pátio do templo e começou a expulsar a todos (João 2:13-17).


Essa cena não me sai da cabeça. Venho refletindo sobre isso desde então. E cheguei à conclusão óbvia de que nossos atos expressam o que está dentro de nós. Se hoje somos capazes de vender e comprar produtos piratas, se somos capazes de simplesmente gravar musicas ao invés de comprar cds (originais, por favor!), se não nos importamos com a procedência do que adquirimos... Então cabe dizer que não nos preocupamos com que tipo de fé temos vivido.


Deixamos que as anormalidades do mundo se tornem normais para nós. Falamos de santidade e sacrifício, mas quando nos é conveniente compramos celulares de mercado negro, DVDs pirata, enfim o produto falsificado que eu estiver precisando no momento. E não falo aqui de produtos evangélicos, não. Estou falando de produtos seculares que adquirimos o tempo todo, todos os dias. Confesso que às vezes torna-se uma tentação adquirir alguns produtos piratas, mas quando penso na exploração trabalhista, na ilegalidade e na qualidade inexistente nesses produtos fica mais fácil resistir.


Já parou para pensar que nossa fé pode também ser pirata? Algo falso, superficial, sem garantias e que não será eterna? Por que se nossas atitudes são reflexos do que somos, então estamos acostumados com coisas falsas, com atitudes falsas, com palavras falsas. Meu maior questionamento é se temos acreditado que o Evangelho é verdadeiro. Porque Ele deve ser a mola propulsora de nossas vidas, tudo o que fazemos e decidimos deve ter Ele como padrão, como referencial.


Se não temos o Evangelho por verdadeiro e real, então fica fácil de entender porque nos apegamos a símbolos e atos proféticos com tanta facilidade. Fica claro porque aceitamos um “evangelho” de prosperidade e egoísmo, justificando a nossa ambição e individualismo. Fica notório que não esperamos pela volta de Cristo e que o inferno passa ser em nossas mentes um lugar figurativo, e se ele existir com certeza não é para nós!


É interessante pensar que aquele que diz “compro por que não tenho dinheiro” tem mais dinheiro dos que não se vendem e nem se falsificam. E é interessante pensar que os que menos crêem, e os que menos vivem o evangelho, são aqueles que estão em posição de liderança. Que tem uma facilidade maior de compreender o Evangelho de Cristo, e que tem a função de transmitir esse Evangelho em sua íntegra. Mas como pregarão se não acreditam? Como viverão um Evangelho puro e verdadeiro, se estão lambuzados de mentiras e falsidades?


Eu acredito que nas pequenas coisas nossa fé transparece, fica lúcida e clara. Nossa missão é pregar o Evangelho, mas não seremos persuasivos se não vivermos o evangelho. Ninguém acreditará em nós enquanto a verdade ficar oculta e o rosto que aparece é de sorriso falso e atitudes suspeitas. Ninguém precisa de mais falsidades. O mundo deseja a verdade, deseja sinceridade, deseja Cristo. Mas jamais mostraremos quem Ele realmente é enquanto nossas atitudes não convencerem.


É hora de refletir... que tipo de fé temos? Que tipo de Evangelho vivemos? Qual testemunho apresentamos de Cristo? A pior parte ao responder essas perguntas é quando você, se conseguir responde-las com sinceridade, se deparar de quanto se utiliza de conveniências para justificar seus atos. Mas avalie, pense e conclua, se é melhor viver na contramão aqui e confiar em Cristo, ou se é melhor acreditar na ilusão de que nossos atos não nos levarão à condenação.