Nestas semanas estou
lecionando sobre Missão Integral. Apesar das diversas palestras que ministrei a
respeito de Missões, desta vez estou me aprofundando melhor na integralidade da
missão da Igreja. Confesso que tem sido dias de crise, por ter me deparado comigo mesma, com meus
valores e minhas convicções.
Em primeiro lugar tenho
sido desafiada a entender o que é Missões. Quando pensamos em missões, pensamos
no ato de evangelismo, na ação, mas pouco refletimos sobre o conteúdo dessa
missão, onde na verdade somos apenas colaboradores, que se inicia na vontade
soberana de Deus e se desdobra em seu projeto para salvação do homem.
Isso significa que todos
temos parte nesta Missão, e que nosso objetivo mor deveria cumprir esse chamado
que não é privilégio de poucos, mas que faz parte de quem entende sua salvação
em Cristo. Que devemos prestar contas de nosso trabalho à Deus e não nos
preocupar com números e imposições dada por homens.
Em segundo lugar, foi me
dado um novo paradigma da minha função dentro dessa missão. Se a missão é de
Deus, devo não apenas pregar de acordo com ela (missão) mas viver meu
cristianismo de acordo com as palavras de Cristo. Isto é, a missão só pode ser
eficaz se com meus atos eu conseguir demonstrar ao mundo o que é servir a
Cristo, e o que Cristo está disposto a fazer pela humanidade.
Isso revela que muitas
vezes pregamos o evangelho de forma contextualizada, mas não de uma forma boa,
e sim em um contexto próprio, de razões próprias, de convicções próprias.
Quando na verdade o evangelho não é voltado para o homem, mas para Deus. O
evangelho foca no pecado do homem, sua pequenez e sua natureza perdida, e
mostra que a única saída dessa vida é o relacionamento com Cristo.
Não há como fazer
missões sem focar na solução para o homem, não soluções mundanas e financeiras,
mas soluções de vida eterna. E não há como focar na solução de vida eterna,
“endeuzando” as coisas terrenas, e priorizando soluções materiais. A Missão de
Deus deve ser feita através Dele, e para
Ele.
Em terceiro lugar, fui
confrontada com meu cristianismo e a realidade do que eu creio. Esse é o ponto
mais expressivo desta reflexão. Pois se compreendemos que as coisas terrenas
não são tão importantes, e que eu devo viver a missão de Cristo, não devo me
envolver com as coisas desse mundo.
Impossível? Então não
cremos no Senhor da Missão. Eis aí o confronto. Encarar a dura realidade de que
a tecnologia e o consumismo tomaram conta de mim. Saber que a vida que levo não
reproduz a missão de Cristo. Que aquilo que tenho por “bem” não deveria ter
nenhum valor para mim. Parece utópico, mas é justamente por isso que estou
refletindo.
A Missão de Cristo nos
ensina a dividir, a não nos apegar a bens, a viver em prol do Reino e para o Reino.
As vezes nos sentimos superior pelo pouco que fazemos e pelo pouco que
ajudamos. Por não acreditar na Teologia da Prosperidade, não dar todo o
dinheiro na igreja. Mas em que acreditamos de verdade? Damos o nosso tudo, ou
apenas o que não faz falta?
Desfrutamos, no nosso
dia a dia, de bens que outros jamais sonharam em ter. Aproveitamos nossos luxos
e bens tecnológicos, usamos roupas caras e bonitas, e curtimos todo tipo de
iguarias gostosas. Mas se analisarmos a missão integral da igreja aprenderemos
que devíamos partilhar tudo como em Atos.
Em quarto lugar,
deparei-me com o pior do meu ser que é estar apegada a tudo isso de forma a
acreditar que não é tão fácil, e nem mesmo possível, se desvencilhar de todo
esse conforto. Isso porque essa seria a única forma de se fazer uma revolução
real, e de se ter alguma diferença entre os do Reino e os que ainda estão
perdidos em pecados.
É por isso que nossas
igrejas tem estado lotadas de pessoas com depressão. Pois mesmo sabendo que não
há nada nesse mundo que nos preencha e nos deixe feliz quanto a presença de
Deus, mesmo sabendo que o vazio do homem só pode ser preenchido pelo amor do
Pai e de seu Filho, ainda assim corremos atrás do vento, em busca de coisas
inalcançáveis, e ainda passamos a crer que o evangelho é utópico.
Eu não estou disposta a
viver exclusivamente do evangelho. Eu não creio que é possível viver uma
revolução através de mim. Eu não creio que o evangelho basta como modo de vida.
Eu não creio que os ensinamentos de Cristo são suficiente para se viver
intensamente o que realmente importa. Eu não creio. Porque se eu acreditasse eu
viveria de forma diferente.
Coitada de mim, pobre e
pecadora mulher que sou. Porque estou longe de viver o que pensava acreditar
que vivia. Porque nem sei como fazer e por onde começar. Porque estou perdida
em minhas ilusões, e caminho atrás do vento, esperando atitudes de pessoas que
jamais acontecerão. E esperando coisas que jamais serão alcançadas. So espero
que haja salvação para minha perdição.
Muito relevante suas colocações. "Inconvenientes" inquietações. Oportunas provocações.
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