quarta-feira, 1 de maio de 2013

Refletindo: não devem os pastores apascentar as ovelhas?



“Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?” (Ezequiel 34:2)


Na época de Jesus, nas regiões onde cresceu e propagou seu ministério, o pastoreado era uma atividade muito conhecida e exercida. E apesar de estar fora de nossa realidade atual, sabemos bem que um pastor existe para cuidar de suas ovelhas. E o que é cuidar, senão alimentar, lavar, curar possíveis doenças, suprir necessidades, e estar sempre por perto para que não se percam.

Com essa breve informação, tentaremos fazer a ligação entre os pastores de ovelhas, e os pastores de igreja. Nos dicionários a palavra pastor tem como um de seus significados o ministro ou sacerdote protestante. Isso significa que as pessoas, mesmo fora do cristianismo, compreende que a palavra pastor está ligada a uma liderança cristã. Sendo assim podemos fazer essa relação entre a palavra em seu significado real e o usado no cristianismo.

Seguindo essa linhagem podemos compreender que o pastor da igreja deve zelar, não somente pelo templo, mas primordialmente pela saúde espiritual de seus membros. Deve estar à frente do rebanho como referencial de postura e caráter, mostrando com sua própria vida o caminho que um cristão autêntico deve seguir. E nessa trajetória estar atento à qualquer ovelha que queira se desgarrar do rebanho.

Quando um pastor aceita o chamado pastoral, se compromete perante Deus e a sociedade que cumprirá de forma excelente tal responsabilidade. Entende que Suas decisões não podem mais se resumir a suas próprias razões e opiniões, mas que a partir dali tudo o que disser, fizer e agir, terá de ser da forma como Jesus nos ensinou. Ele assume um papel ímpar na vida das pessoas e passa a escrever uma nova história a partir de então.

“E estes cães (líderes) são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.” (Isaías 56:11)

Suas preocupações devem ser maiores que cadeiras confortáveis e ares condicionados refrescando o templo. Não deve se concentrar na quantidade de pessoas que comparecem ao culto, mas sim quantas delas têm vivido um evangelho autêntico. Deve estar presente na vida das pessoas, e fazer parte delas. Deve estar disposto a limpar feridas, guerrear batalhas , orar junto, chorar junto. 

Deve ser um pouco terapeuta, ter um pouco de assistência social, e tudo de um bom mestre. Deve ser pai e irmão, amigo e professor, mas acima de tudo ser maduro para poder ouvir com sabedoria, e corrigir em amor.  Deve ser humilde e jamais se dar por satisfeito, pois sempre tem algo mais que um pastor pode fazer. Parece injusto, mas na realidade é o preço do chamado.

“Porque os pastores do meu povo perderam a razão e não procuram saber o que Deus pensa. Por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se espalharam.” (Jeremias 10:21)


Quando um pastor já não está aberto a ter alguém que fale em sua vida, quando acha que não precisa dar satisfação de suas decisões aos membros da igreja, ou que ele está sempre certo e não aceita quem diga o contrário, encontramos, então, um sério problema: ele com certeza está perdendo ou já perdeu o foco do seu pastoreado. Ele em algum momento se esqueceu do verdadeiro significado da palavra pastor.

Há diversidade de dons, e diversidade de ações. Cada um deve assumir sua função no corpo. E hoje a igreja perdeu sua identidade real e cristã pois seus líderes já não sabem mais o que devem fazer. Suas ações são soberbas, e agem como donos da igreja, comandam os membros como se fossem bonecos que não possuem sentimentos, e os líderes como funcionários. E não se sentem responsáveis pelas crises e recaídas das pessoas.

Lavam as mãos, como Pilatos, e acreditam que já fizeram o suficiente, quando na verdade não fazem nem o essencial. Deixam situações mal resolvidas e feridas putrificando, para não terem o infortúnio do confronto. Tudo isso obra de satanás. Num exército, cada um tem sua posição e função. Quando se abre brecha, o inimigo ganha vantagem. O amor de Deus só é manifestado completamente quando a batalha sobre o pecado é vencida.

“...fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas...” (Zc 13:7b)


Porem faltam referenciais, faltam caráter, faltam relacionamentos. E isso gera falsos mestres, falsas obras, falso cristianismo. Se ferir o pastor, as ovelhas se dispersam. Essa tem sido a estratégia do inimigo. Desviar a atenção para outras prioridades que não sejam os membros da igreja. Fazer com que pastores e líderes não tenham um vinculo profundo de relacionamento. Não deixar que haja liberdade para se conversar sobre tudo, e resolver todas as questões pendentes.

Mudou-se o foco. Não importa mais a pessoa, mas se ela esta fazendo algo. Não importa mais a qualidade, mas sim a quantidade. Não importa mais a família, mas as atividades da igreja. As pessoas são valorizadas pelo que têm para dar, e não pelo seu testemunho e seus frutos. E essa afirmativa é comprovada quando vemos as cobranças excessivas, e a busca por novas igrejas (e não membros, como deveria ser)

Vemos ainda, pastores focados em ações sociais, na desculpa de que estão cumprindo com o evangelho de ação. Quando na verdade se refugiam em boas ações para não se comprometerem com o rebanho que lhes foi confiado. Justificam suas ações de dar ao próximo, ao invés de cuidar de verdade do próximo. Pois por mais que eu creia e concorde com a Missão Integral, ela não deve ser feita para remissão dos erros, pois para isso o sangue de Cristo já foi vertido na cruz.

Ela deve ser o reflexo de uma igreja sadia e comprometida com o Reino. A missão integral é o coração do evangelho, mas faze-la não exime o homem cristão (seja líder, pastor, apostolo, etc) de ter um casamento de acordo com as regras divinas, de se ter um caráter aprovado, e de se ser e agir conforme alguém que realmente acredita nos ensinamentos de seu Mestre. Ela deve ser feita por amor à Deus, e não pela frustração de suas decisões anteriores.

Que haja um despertar. Que haja um avivamento. Que haja choro e arrependimento. Que Deus toque o coração de muitos pastores, para que abandonem suas obras egoístas, e se dediquem aos membros que têm andado como ovelhas desgarradas que não tem pastores. Que a misericórdia seja derramada, e que o poder do Espirito levante verdadeiros pastores no meio de nós!

“E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.” (Jeremias 3:15)

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