“Filho
do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos
pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam
a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?” (Ezequiel 34:2)
Na época de Jesus, nas regiões onde cresceu e propagou
seu ministério, o pastoreado era uma atividade muito conhecida e exercida. E
apesar de estar fora de nossa realidade atual, sabemos bem que um pastor existe
para cuidar de suas ovelhas. E o que é cuidar, senão alimentar, lavar, curar
possíveis doenças, suprir necessidades, e estar sempre por perto para que não
se percam.
Com essa breve informação, tentaremos fazer a ligação
entre os pastores de ovelhas, e os pastores de igreja. Nos dicionários a palavra
pastor tem como um de seus
significados o ministro ou sacerdote protestante. Isso significa que as
pessoas, mesmo fora do cristianismo, compreende que a palavra pastor está ligada a uma liderança
cristã. Sendo assim podemos fazer essa relação entre a palavra em seu
significado real e o usado no cristianismo.
Seguindo essa linhagem podemos compreender que o
pastor da igreja deve zelar, não somente pelo templo, mas primordialmente pela
saúde espiritual de seus membros. Deve estar à frente do rebanho como referencial
de postura e caráter, mostrando com sua própria vida o caminho que um cristão
autêntico deve seguir. E nessa trajetória estar atento à qualquer ovelha que
queira se desgarrar do rebanho.
Quando um pastor aceita o chamado pastoral, se
compromete perante Deus e a sociedade que cumprirá de forma excelente tal
responsabilidade. Entende que Suas decisões não podem mais se resumir a suas
próprias razões e opiniões, mas que a partir dali tudo o que disser, fizer e
agir, terá de ser da forma como Jesus nos ensinou. Ele assume um papel ímpar na
vida das pessoas e passa a escrever uma nova história a partir de então.
“E
estes cães (líderes) são gulosos, não
se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam
para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.” (Isaías
56:11)
Suas preocupações devem ser maiores que cadeiras
confortáveis e ares condicionados refrescando o templo. Não deve se concentrar
na quantidade de pessoas que comparecem ao culto, mas sim quantas delas têm
vivido um evangelho autêntico. Deve estar presente na vida das pessoas, e fazer
parte delas. Deve estar disposto a limpar feridas, guerrear batalhas , orar
junto, chorar junto.
Deve ser um pouco terapeuta, ter um pouco de
assistência social, e tudo de um bom mestre. Deve ser pai e irmão, amigo e
professor, mas acima de tudo ser maduro para poder ouvir com sabedoria, e
corrigir em amor. Deve ser humilde e
jamais se dar por satisfeito, pois sempre tem algo mais que um pastor pode
fazer. Parece injusto, mas na realidade é o preço do chamado.
“Porque
os pastores do meu povo perderam a razão e não procuram saber o que Deus pensa.
Por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se espalharam.” (Jeremias
10:21)
Quando um pastor já não está aberto a ter alguém que
fale em sua vida, quando acha que não precisa dar satisfação de suas decisões
aos membros da igreja, ou que ele está sempre certo e não aceita quem diga o
contrário, encontramos, então, um sério problema: ele com certeza está perdendo
ou já perdeu o foco do seu pastoreado. Ele em algum momento se esqueceu do
verdadeiro significado da palavra pastor.
Há diversidade de dons, e diversidade de ações. Cada
um deve assumir sua função no corpo. E hoje a igreja perdeu sua identidade real
e cristã pois seus líderes já não sabem mais o que devem fazer. Suas ações são
soberbas, e agem como donos da igreja, comandam os membros como se fossem
bonecos que não possuem sentimentos, e os líderes como funcionários. E não se
sentem responsáveis pelas crises e recaídas das pessoas.
Lavam as mãos, como Pilatos, e acreditam que já
fizeram o suficiente, quando na verdade não fazem nem o essencial. Deixam
situações mal resolvidas e feridas putrificando, para não terem o infortúnio do
confronto. Tudo isso obra de satanás. Num exército, cada um tem sua posição e
função. Quando se abre brecha, o inimigo ganha vantagem. O amor de Deus só é
manifestado completamente quando a batalha sobre o pecado é vencida.
“...fere
o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas...” (Zc 13:7b)
Porem faltam referenciais, faltam caráter, faltam
relacionamentos. E isso gera falsos mestres, falsas obras, falso cristianismo. Se
ferir o pastor, as ovelhas se dispersam. Essa tem sido a estratégia do inimigo.
Desviar a atenção para outras prioridades que não sejam os membros da igreja.
Fazer com que pastores e líderes não tenham um vinculo profundo de
relacionamento. Não deixar que haja liberdade para se conversar sobre tudo, e
resolver todas as questões pendentes.
Mudou-se o foco. Não importa mais a pessoa, mas se
ela esta fazendo algo. Não importa mais a qualidade, mas sim a quantidade. Não
importa mais a família, mas as atividades da igreja. As pessoas são valorizadas
pelo que têm para dar, e não pelo seu testemunho e seus frutos. E essa
afirmativa é comprovada quando vemos as cobranças excessivas, e a busca por
novas igrejas (e não membros, como deveria ser)
Vemos ainda, pastores focados em ações sociais, na
desculpa de que estão cumprindo com o evangelho de ação. Quando na verdade se
refugiam em boas ações para não se comprometerem com o rebanho que lhes foi
confiado. Justificam suas ações de dar ao próximo, ao invés de cuidar de
verdade do próximo. Pois por mais que eu creia e concorde com a Missão
Integral, ela não deve ser feita para remissão dos erros, pois para isso o
sangue de Cristo já foi vertido na cruz.
Ela deve ser o reflexo de uma igreja sadia e
comprometida com o Reino. A missão integral é o coração do evangelho, mas
faze-la não exime o homem cristão (seja líder, pastor, apostolo, etc) de ter um
casamento de acordo com as regras divinas, de se ter um caráter aprovado, e de
se ser e agir conforme alguém que realmente acredita nos ensinamentos de seu Mestre. Ela deve ser feita por amor à Deus, e não pela frustração de suas
decisões anteriores.
Que haja um despertar. Que haja um avivamento. Que
haja choro e arrependimento. Que Deus toque o coração de muitos pastores, para
que abandonem suas obras egoístas, e se dediquem aos membros que têm andado como
ovelhas desgarradas que não tem pastores. Que a misericórdia seja derramada, e
que o poder do Espirito levante verdadeiros pastores no meio de nós!
“E
dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com
ciência e com inteligência.” (Jeremias 3:15)
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