quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Eu não quero perder a visão...

Estando eu ainda em São Paulo, consegui assistir à programação da minha - anteriormente - igreja favorita. E comecei a refletir sobre como eu sempre gostei muito deles. A bispa desta igreja sempre foi um referencial de mulher de Deus para mim. Seu testemunho, sabedoria, a forma como expressa a palavra de Deus, com amor e paixão. Suas canções sempre tão profundas e cheias de experiências com Deus. Não foi à toa que eles chegaram aonde chegaram. A história mostra um desligamento com a religiosidade, uma preocupação com a edificação dos jovens, um amor pela obra verdadeira de misericórdia e compaixão.

Olho para trás e entendo porque sempre gostei deles. Mesmo que eu nunca tenha congregado lá, desde da época que me converti e fui aprisionada em dogmas (locais e não universais) e religiosidade, eu ficava encantada com eles. A música despojada e eclética, as tatuagens e cabelos masculinos compridos, a ceia que não era imposta apenas a alguns privilegiados... Isso tudo tem um pouco do que tenho avaliado na atualidade. Além da impactante direção nas obras sociais e com usuários de drogas. A busca pelo relacionamento como “carro chefe” da igreja. Essa é a igreja com a qual sonho em congregar hoje.

Mas minha preocupação é perder o foco no caminho... E passar a priorizar bênçãos materiais e milagres financeiros e gastar, mensalmente, milhões com rede de TV e rádio. Hoje eu tenho a nítida visão de que Jesus não quer nos dar casas e carros, que ele não se preocupou com a vida material e também não quer que nos preocupemos com isso... “Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes” (Lc 12:23)... Isso é mais claro do que a água para mim. Que o ser humano, a família, o relacionamento com Deus e com o próximo é mais valioso do que qualquer riqueza que eu possa adquirir com meu trabalho e esforço.

A idéia de redes de TV e radio não é herética, e sabemos que acaba alcançando algumas pessoas. Sim algumas. Não muitas. Porque o que importa são os frutos que permanecem. E hoje os frutos que permanecem são aqueles que são ganhos para Cristo através de relacionamento e testemunho de vida. E a TV e o rádio não proporcionam essa proximidade. Acredito que alguns são ganhos através desses canais. Mas hoje eu compreendo que se esses milhões de reais fossem investidos em irmãos sedentos por se preparar para o campo missionário, e em trabalhos efetivos de evangelização a longo prazo, alcançaríamos muito mais nações e povos através do relacionamento interpessoal.

Quando as pessoas me chamam de pastora, me arrepio até a espinha. Porque se ser consagrado a pastor me levar a um caminho de cegueira e obsessão por números, como se igreja lotada significasse alguma coisa, se me fizer ter uma vida solitária e de aparência por não poder mostrar quem realmente sou, se me fizer clamar durante 30 minutos para que os fieis ofertem, utilizando de abalo emocional para que venham despejar cada vez mais dinheiro diante do “altar”, ou me fizerem burlar a lei e esconder dinheiro como se isso fosse a coisa mais normal do mundo... Eu vos afirmo: eu prefiro ser quem sou.

Uma faminta pelo evangelho verdadeiro. Uma sedenta pelo resgate da igreja verdadeira. Uma apaixonada pelo verdadeiro cristianismo. Uma sonhadora, que tem medo de avançar e perder o foco. Que está paralisada no tempo, com receio de seguir em frente e perder a visão mais maravilhosa que já possuiu: a de Cristo clamando por verdadeiros adoradores. Minha vida não tem sentido sem Cristo, sem o que realmente importa para Ele. Ele é o meu amado, meu Senhor e Mestre. Meu Pai e meu Rei. Tenho medo. Não quero perder a visão e usar o nome dele em vão.

Às vezes me sinto sozinha neste mundo. Às vezes encontro alguns irmãos que chamo de “insatisfeitos” como eu. Mas às vezes procuro e não encontro, um pastor que realmente se preocupe em agradar a Cristo, mesmo que isso signifique manter por toda a vida uma igreja que não passe de 50 membros... um cristão que não se contamine com o contrabando de produtos piratas... um irmão que está sofrendo e recebe visitas de seu pastor e dos irmãos da igreja em que congrega... Não vejo... não enxergo...

Mas o que posso fazer? Olhar para mim. Para meu ser insignificante. Para minha natureza pecaminosa. E saber que se eu vacilar, meus olhos irão se fechar, e eu posso começar a viver tudo que tenho repudiado hoje. Posso confiar em Deus e depender dele em todo o tempo. Esperar e acreditar que Ele sempre esteve, está e sempre estará no controle de tudo. Como criança me entregar. E ungir meus olhos com colírio para que eu veja (Ap 3:18) e jamais perca a visão.

É importante dizer que eu não escrevo sermões... mas apenas reflexões...

2 comentários:

  1. Me considero assim como vc mencionou uma "insatisfeita", e digo que hoje o meu medo também é esse: perder a visão, e clamo ao Sr pela sua graça e misericórdia para me ajudar a permanecer Nele acima de tudo, acima do que os meus olhos veêm, ou deixam de ver, acima dos meus questionamentos e vontades, acima daquilo que eu não entendo. Permanecer Nele e avançar em conhecer, prosseguindo sempre para o alvo.

    PS: Tbm foi minha igreja favorita..rs...ainda creio na restauração...amo muito...

    Bjo

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  2. Voce detectou a igreja?? rsrs
    Eu não expus o nome, justamente porque creio na restauração... não apenas dessa igreja, mas de todas as que tem aceitado as propostas de Satanás...

    Acredito que enquanto Jesus não voltar, sempre haverá um tempo de misericórdia para que os lideres "unjas os teus olhos com colírio, para que vejas." (Ap 3:18c)

    Abraços e paz!

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